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Chosen One: entrevista a Lucas Macedo

"Chosen One" é a nova coluna do PMBR onde conversamos e apresentamos

artistas da cena nacional do rock no nosso pequeno espaço dedicado ao Portal!


Entrevista: Carina Godoy • Redação: Juliana Galvão



Lucas Macedo é um cantor, guitarrista e compositor brasileiro. Iniciou a carreira solo recentemente, inspirado principalmente pela atmosfera pop-rock das décadas de 60 e 70.




Para conhecer:

Antes de qualquer coisa, como sempre: aqui é o artista que indica.



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O início e influências


Desde muito jovem, Lucas conviveu com o ambiente criativo, rodeado pela música e outras artes. Influenciado pelo pai, começou os primeiros passos na guitarra através de 'Rocksmith', videogame musical.


E aí eu comecei, e meio que me apaixonei de cara. Eu era muito fã do Slash, essa coisa meio Hard Rock, fiquei fissurado. Comecei a aprender tudo que era solo, comecei a fazer aula. E desde sempre tive isso em mente: eu quero ser isso, ter uma banda autoral.

LUCAS: Aí eu conheci o trabalho do John Mayer, que é o meu artista favorito - e guitarrista principalmente. E eu falei: "Pô, seria legal cantar também". Eu tava entrando na puberdade e as pessoas falavam: "Pô, Lucas, sua voz é mais grave, é bonita, tenta cantar", e eu falei "Vamos lá!" e comecei os projetos... Quando eu saí do terceiro colegial, fiquei naquela meio perdido: "quero fazer alguma faculdade de alguma coisa, não sei se faço um plano B". "Vou fazer faculdade de música mesmo?", que lá tem um viés mais teórico, então é muito fora da minha zona, que é essa coisa mais criativa, show e tudo mais.


E entrei numa mentoria com um cara chamado Jacques Figueras. Ele é lá da França e trabalhou aqui no Brasil como produtor de um trio chamado Trio Corrente, se não me engano ele ganhou dois Grammys como produtor desses caras. [Melhor Álbum Latino de Jazz]

E ai eu comecei esse curso dele, essa mentoria, e ele me ajuda com os projetos, o que que eu posso fazer de melhor pra alcançar as pessoas, conseguir verba... o próprio financiamento coletivo que eu fiz pra produzir o meu primeiro EP foi ideia dele. E agora tô seguindo, começando a fazer shows, lançamentos e enfim...





Perguntamos ao Lucas sobre suas influências e artistas favoritos, e de que forma essa ligação é traduzida para os seus próprios projetos.


PMBR: Que outras bandas te influenciam?


Lucas: Então, hoje em dia eu tô muito no John Mayer desde que eu conheci... o Kings of Leon, eu fui no Lollapalooza e assisti o Hozier, que também me inspira bastante. Era pra tocar Paramore, eu estava muito animado, e aí trocaram. Só que aí eu vi o show , chorei um monte no show sem conhecer as músicas e agora eu estou ouvindo muito Kings of Leon, Måneskin, Harry Styles - que também entrou nessa lista faz alguns anos, né? Ele tem um viés um pouquinho mais pro rock alternativo que é mais a minha vibe. E eu estou gostando muito de um cara novo que chama Sawyer Hill. Eu não sei se ele já apareceu pra algum de vocês, ele é lá de fora, tem um vozeirão grave.


Eu era muito do Hard Rock, e bandas de grunge, tipo Audioslave, e o Chris Cornell é meu vocalista favorito. Só que hoje em dia eu tô mais nessa pegada menos "pesada", vamos dizer assim.

Declaradamente fã de Måneskin, foi impossível não perguntar especificamente sobre a relação dele, como artista, com a banda, como fonte de inspiração.


Lucas: Eu parei para realmente ouvir Måneskin quando eu fui ver o filme do Elvis e a banda fez aquela versão de "If I Can Dream", que é provavelmente a música favorita do Elvis, e eu gostei muito de eles terem trazido essa essência. Fui descobrir depois qual era a banda, eu nunca tinha ouvido música italiana antes então de cara eu estranhei, mas já gostava muito do instrumental... e hoje eu tenho um softspot pelas músicas em italiano. Acabei me apaixonando por esse estilo deles, a personalidade musical, acho que é muito forte. E o Damiano tem uma voz muito única, muito bonita... me inspiram de diversas formas e, de certa forma, inspiraram alguns processos de composição meus.


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 Composição: significados e inspirações


Pedimos ao Lucas para contar um pouco sobre o processo de criação dos dois singles já lançados, "Musa" e "Antes que amanheça".


Lucas: Com "Musa" eu tava nessa era de ouvir muito Måneskin, literalmente sem parar, foi bem na época desse segundo show agora [Novembro/2023]. E eu tava muito na vibe deles, tanto que em questão de arranjo e de instrumentos dentro da música, o esquema é guitarra, baixo, bateria e voz dessa forma mais acelerada. Então, instrumentalmente, ela surgiu muito na vibe do que eu gosto no Måneskin, eu gosto muito que eles variam as dinâmicas dentro da música - o que eu acho que muitos artistas não fazem hoje em dia e, como ouvinte, é algo que me cansa. E quanto a letra, eu escrevi de uma forma que parecesse uma letra romântica, mas eu estava em um momento que não sabia sobre o que escrever, então essa busca pela "Musa" dentro da música seria uma busca pela inspiração, tanto que na música eu me coloco como o músico com esse problema bem evidente.


Lucas: E "Antes que Amanheça" veio bem antes. Eu tava ouvindo bastante o primeiro álbum do Harry [Styles], Fleetwood Mac, até entrando um pouco mais em Beatles. Tem até uma música do Harry que se chama "Carolina", e quando eu comecei a fazer essa música eu quis fazer em uma vibe um pouco parecida com ela. Eu até deixei de lado no começo, eu tinha gostado do que tinha feito no violão mas a letra não tava andando... e quando você começa a pensar MUITO em algo isso vira um problema, porque as coisas não saem mais com naturalidade. Quando eu voltei a trabalhar nela, pensei em escrever o que viesse na cabeça, então é uma música bem mais superficial em relação a significado, que é um misto sobre amor, mulher, são várias vibes combinadas.




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 Autoral: mensagem, futuro e compromisso


PMBR: Vamos falar das suas músicas. Existe alguma mensagem específica que você quer passar? O que mais te inspira a falar nas suas letras?


Lucas: Eu acho que varia muito. Quando eu comecei a escrever as duas que eu lancei agora, eu estava indo para um lado um pouco mais fúnebre da coisa, querendo falar de uma coisa um pouco mais profunda e eu acabei pegando um gosto maior. Eu era muito chato com isso, com o significado de música. Para mim, música tinha que ter letra profunda e não sei o que... coisa de adolescente, aborrecente. E dessa vez eu falei "cara, tá na hora também de eu fazer umas músicas só para me divertir, não preciso ficar muito encucado com isso".


Lucas: No meu EP vão ter algumas faixas que abordam alguns temas de às vezes se sentir perdido, coisa de recomeço e às vezes até luto, uma delas de uma forma um pouco mais light, mas sempre falando sobre isso. Então acho que varia muito do momento, das bandas que eu tô escutando também, porque algumas composições que eu tinha feito já fazia mais de um ano, e eu estava em um outro momento, ouvindo outras coisas e como esse processo de gravação ele é demorado, eu acabei até mudando algumas músicas, então acabou variando bastante. Mas eu gosto de variar um pouco mesmo entre músicas... então algumas tem aquilo de "deixa eu só curtir e não precisar pensar muito na letra" e em outras é mais "deixa eu aprofundar isso aqui."



PMBR: E como é essa experiência para você quando toca ao vivo? Teve alguma apresentação que foi mais memorável?


Lucas: Então, teve uma época antes de começar o projeto solo, que eu tinha uma banda - a Noctua - que era muito inspirada nessas coisas da Måneskin: as músicas que a gente tocava, as versões que a gente fazia. E com eles a gente abriu um show pro ex-baterista do Charlie Brown com a banda dele, o Bruno Graveto. Então foi muito legal conhecer esses caras pessoalmente. A bagagem desses caras é absurda. Então foi memorável, eu acho que não necessariamente o show de abertura que a gente fez em si, por mais que foi bem legal, mas esse momento de conhecer os caras, conversar com eles... e, posso dizer, eles são legais mesmo.





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 Perguntas rápidas


  • Banda favorita no momento: Kings of Leon

  • Artista que mais tem ouvido: Harry Styles

  • Um lugar que sonha em se apresentar: Espaço Unimed


PMBR: Qual seria a sua colaboração dos sonhos?


Lucas: John Mayer, não dá pra fugir. Que seja ele só fazer uns riffzinhos de guitarra no meio da música sem ninguém nem saber que é ele. É um sonho!


PMBR: E quanto a artista nacional?


Lucas: Cara, tipo assim, não tem nada a ver com rock, mas eu gosto muito do Tim Bernardes. Não sei, gosto dele. A voz dele é muito diferente da nossa, então até dá para eu experimentar fazer outro gênero, né? que ele é da MPB. Tem aquela música "Recomeçar" dele, que eu acho absurda.


PMBR: Indicações de artistas brasileiros independentes pra galera conhecer?


Lucas: Legal! Então, de artista eu recomendaria a Amanda Birchal, que é uma artista lá de BH, que é amiga minha, a gente conversa e tudo mais e ela lançou uma música esse tempo atrás também que se chama "A Mulher Impossível" pra quem gosta um pouco dessa coisa Jão, Sabrina Carpenter, Taylor [Swift], provavelmente vai gostar dela. E ela tem um viés um poquinho Stevie Nicks, principalmente no estilo visual, então é bem legal. E mano, eu recomendaria o Braga, acho. Braga, vocês já ouviram falar? Eu gosto das músicas dele.


PMBR: E uma música que você gostaria de ter escrito?


Lucas: "Slow dance in a burning room" [John Mayer]. O John pra mim é fora da curva.

A letra dela é bonita assim, dele falar que ele tá com alguém, mas tá dançando em chamas porque está tudo dando errado ao mesmo tempo e parece não querer largar da pessoa, mas está dando merda. E ela é muito icônica pela guitarra. Todo esse álbum, o Continuum do John Mayer, é muito bem mixado, muito bem editado, então se ouve cada instrumento muito bem. Eu falo "cara, a atmosfera disso aqui é insana" e eu sou um cara que gosta muito de solar na guitarra, improvisar em show também, e ele tem uma versão até que está no Spotify, que é do show ao vivo - Lifelines - e ele mete um solão lá que eu fico doido. Cara, essa música também cria liberdade para ser estendida e expressada além da letra e voz. Então ela tem TUDO, na minha opinião.




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 O pop-rock nos dias atuais


PMBR: e hoje como você enxerga o futuro desse "novo" Rock no Brasil e no mundo, e também em relação ao seu trabalho?


Lucas: "Acho que houve um momento em que tudo era muito separado: os caras do metal eram só metal, tal coisa era só tal coisa. E acho que hoje em dia tudo se mistura muito, eu gosto de experimentar muita coisa também, então nem todas as minhas músicas vão ter as mesmas vibes que essas duas que eu lancei tiveram, mais pra cima, também tem música acústica... Não sei, eu vejo eu tentando me adaptar e, em relação a música geral, houve uma crescente estatística no rock (não tão absurda quanto o Country, vamos dizer assim). Mas eu acho que o povo cansou um pouco dessas batidas muito artificiais que tem muito no trap, rap, coisas meio assim, então eu vejo um gênero que pelo menos os seus elementos podem começar a voltar cada vez mais: essa coisa mais orgânica, a bateria, eu vejo isso acontecendo. E eu, como artista, gosto de experimentar e ao longo da minha carreira até tenho vontade de dar uma de Arctic Monkeys e experimentar bastante entre um projeto e outro."



PMBR: Para finalizar, alguma mensagem que você queira deixar para a galera que te segue ou que possa vir a seguir no futuro?


Lucas: "Ah, eu acho que é tipo algo que eu vejo muito agora, com as pessoas tendo cada vez mais reconhecimento, as redes sociais crescendo... é que tem muita gente que quer viver de música ou quer pelo menos tentar perseguir esse sonho. E às vezes fica nessa de "pô, será que eu vou? Será que eu não vou?" E assim como tudo na vida, a gente observa perguntas do tipo "ah, e isso é trabalho? tem plano B?" e eu acho que tem que focar. Às vezes as pessoas vem dizendo "eu faço isso aqui, mas eu queria fazer música, queria..." ou qualquer outra coisa. Foca. Vá atrás. Se você precisar de um emprego porque pode ajudar em casa ou não tá ganhando dinheiro com a música, beleza. Mas eu acho que ter o foco é continuar indo atrás. Eu acho que a gente vive, por mais que tenha muito artista por aí, é talvez o momento mais democrático que a gente já viu para conseguir viver da arte, porque a internet é uma porta aberta para todo mundo: pega o celular, grava e começa a colocar o negócio em prática. Então, eu diria para as pessoas focarem naquilo que elas querem e pararem de ouvir pessoas que não trabalham no ramo sobre o que elas têm que fazer. As pessoas não sabem. Então você vai atrás de se entender, sabe?"



 


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